DE UM GRANDE AMIGO HAROLDO.
Dizem que o que importa é a qualidade , não a quantidade.
Dizem tanta coisa...
Este “dito” , vem normalmente associado a uma atividade para a qual , a quantidade me parece , também , um bom resultado.
Mais treinamento , mais condicionamento , mais entrosamento , mais qualidade...
Treinar é sempre bom.
Tenho mantido meu propósito. Treinado.
Coisa simples , “sem pódio de chegada ou beijo de namorada”.
Depois da família. Depois do trabalho. Depois das obrigações.
O hábito faz o monge.
Eu , de monge , não tenho nada , definitivamente.
Absolutamente nada.
Nem mesmo o branco dos olhos.
Este , muito menos....
Tô mais pra “Rock’n’Roll Singer”.
Mas o motocross , é sagrado.
Uma motocicleta qualquer , standard. Um circuito qualquer.
Nada que possa comprometer a possibilidade ou o orçamento.
Tudo para descomplicar. Tudo para viabilizar.
O que importa é não parar. Seguir fazendo o que a gente mais gosta , o maior numero de vezes possível.
É impressionante o que a racionalização e a disciplina , somados a uma dose massiva de amor na parada , podem trazer como resultado.
Hoje é sábado!
É dia de montar touro bravo , 45hp X 100kg.
É dia de se emocionar. Tipo... , Brasil X Argentina , na final!
Sirvo um café na cama pras meninas.
Me certifico de que tudo está organizado para o dia e , me desligo do mundo.
Já não há mais nada a fazer pela família ou pelo trabalho.
É hora de ser quem a gente sempre quis.
Na estrada , a DJ manda o recado. Sábado de sol. Swingueira nervosa!
Território Eldorado. Tem gente que sabe mesmo como fazer rádio.
No retrovisor , o canhão. Pronto.
À frente , as curvas da Anhanguera.
Cara.... , como eu gosto desta hora....!
Os dias de academia (alguns sem o mínimo saco....) , e as saídas “à francesa” , das baladas mais pesadas , fazem valer : Feeling so good!
Time to ride!
Na pista , o amor pelo esporte e a gratidão por poder estar ali , seguem transformando a realidade.
Ainda na primeira volta , vou sentindo que o dia é bão!
Meia dúzia de curvas e , já dá pra perceber que a session vai ser ... , renovadora!
A quatrucentona parece feliz também.
Obedece aos comandos. Emenda as pequenas retas entre as curvas triscando o chão com a roda dianteira.
Mergulha nas cavas e mantém a trajetória como se estivesse numa rua asfaltada. Colabora.
Quatrussa , é antidepressivo natural.
A parada apita e aponta pro céu. Quer voar!
“Give me freedom. Give me fire. Give me a reason. Take me higher!”
Dentro do casco , vou cantando “Hang ‘Em High” , do álbum “Diver Down”.
Sorrindo de orelha a orelha , num “transe” , entre os rifs da guitarra de Eddie Van Halen e as notas baixas do motor do canhão.
O ritmo bom e seguro , me faz lembrar as palavras de uma garota que corria o mundial de MX: “Motocross não é força. É jeito , técnica , posicionamento , respiração”
Queria que esses momentos durassem pra sempre.
É por isso que os prós fazem tudo parecer sempre tão fácil.
Quando o posicionamento é certo , o preparo existe e a concentração domina , tudo flui. Sem briga. Sem força. Sem susto.
Soma-se a isto , uma enorme vontade de fazer melhor. Um amor incondicional na parada.
Esta receita é curtição. Certeza!
Não sei que horas são.
Não sei quem esta andando.
Só eu , “contra” eu mesmo.
Ou melhor. Eu , a favor de eu mesmo!
Coração e mente , sintonizados.
Acelerar , focar , posicionar , frear , reposicionar , focar , acelerar.
God I just love it!
Duas baterias de cinquenta minutos.
Pessoas passam e conversam ao meu redor.
Não vejo nada , não ouço nada.
Na minha cabeça , só os rifs de “Hang ‘Em High” e a vontade de montar outra vez.
Passo reto numa curva.
Meu gás acabou.
Tá ficando errado. Perigoso.
Carrego. Guardo as tralhas , olho pro céu , agradeço:
“Obrigado Deus por me fazer um piloto de motocicletas amador”
Mais um sábado.
Agora , a 350km de casa , num rolê de canavial , com meia dúzia brothers.
A todo o momento alguém faz um comentário do tipo:
“Nooossa....! Esse negócio tá bom de mais...! Vou dar mais uma volta. Quem vai?!?!”
Estamos sob uma enorme paineira (ninguém me corrija , se eu estiver errado) , à beira de um circuito improvisado.
O inverno , invariavelmente , é época de colheita de cana na nossa área.
Pra mim , apesar da saudade que tenho das outras culturas , é tempo de festa!
Amplitude , estabilidade , visibilidade , velocidade. Seja ela qual for.
É fim de tarde , hora de mais um espetáculo da mãe natureza.
As mudas , recém plantadas , ficam de um tom dourado e o céu , de um azul absoluto. Bonito!
O solo seco da estação , é o nosso preferido.
Trechos de hard pack , entre curvas do mesmo piso , ou , de areia lavada depositada pela erosão , nas partes baixas do circuito.
Nada mais do que um loop de cerca de 10km. Talvez menos.
Nada mais do que meia dúzia de velhos amigos e novatos.
Os “velhos” , com um sorriso enorme no rosto. Sorriso de gratidão.
Sorriso que podia ser tido:
“Obrigado Deus! Obrigado por me ajudar a estar aqui , mais uma vez!”
Os novatos , maravilhados com a descoberta.... : Motocross rules!
As bikes encostadas na árvore.
Nossos brinquedos. Nossos sonhos. Nossas velhas conhecidas. Nossas parceiras. Nossas amigas. Nossos canhões. Nossas motocicletas.
O circuito é de médias altas.
Nada menor que segunda. Quase todo de terceira e quarta. Alguma quinta.
Prum caboclo bem bom , muito pouco freio. Boa visibilidade. Traçado favorável.
Quase nenhuma interferência nas proximidades.
Numa 250 (4T) , bom de explorar a leveza e a agilidade nos trechos mais “travados”.
Bom de lembrar-se da embreagem e de abusar do recurso , na transposição de obstáculos e nas canaletas das infinitas curvas.
Numa 450 , bom de enrolar e segurar enrolado nas retas. Até o engenho pipocar.
Diga-se de passagem. Retas de curvas de nível.... , uma atrás da outra.... , flying high!
Na roda , um clima de show de rock’n’roll.
Podia mesmo estar tocando Led Zeppelin ,” Rock’n’Roll”.
Ninguém iria nem notar. Esta era a vibe.
Duplas se alternando , em sequencias de três ou quatro voltas no circuito.
Todo mundo de coração e alma na parada.
Há pouco conversava com um brother. Um daqueles rápidos , dos melhores.
Ele dizia:
“Brother , eu gosto daquela adrenalina da competição. Eu gosto de ter me concentrar na minha respiração. Eu gosto do desafio de saber que um erro pode significar uma posição. Eu gosto de pensar que tenho que fazer tudo certo. Me concentrar.”
Lá não havia competição direta. Não ao menos , declarada.
Entretanto , andávamos com a mesma “disciplina”.
Concentrados em fazer o melhor possível.
Cem por cento dedicados ao prazer de pilotar e à vontade de fazer melhor.
Dia destes , li em algum lugar : “Feliz o homem que tem a coragem de não envelhecer”.
Não entendi exatamente o ponto , mas adaptei o tema à nossa realidade.
Feliz o homem que tem a coragem de continuar acelerando.
Acelerar uma motocicleta forte é MUITO DIVERTIDO!
É uma expressão de coragem , de determinação , de ousadia , de liberdade , além de ser , é claro , um exercício de concentração , disciplina , saúde , humildade e todas as outras coisas boas decorrentes disso.
Long live rock´n´roll! Long live motocross!
MOTOHEAD
Edward e Alex Van Halen , provavelmente no final dos anos 70 , em algum lugar da California , numa foto de Neyl Zlozower
Dizem que o que importa é a qualidade , não a quantidade.
Dizem tanta coisa...
Este “dito” , vem normalmente associado a uma atividade para a qual , a quantidade me parece , também , um bom resultado.
Mais treinamento , mais condicionamento , mais entrosamento , mais qualidade...
Treinar é sempre bom.
Tenho mantido meu propósito. Treinado.
Coisa simples , “sem pódio de chegada ou beijo de namorada”.
Depois da família. Depois do trabalho. Depois das obrigações.
O hábito faz o monge.
Eu , de monge , não tenho nada , definitivamente.
Absolutamente nada.
Nem mesmo o branco dos olhos.
Este , muito menos....
Tô mais pra “Rock’n’Roll Singer”.
Mas o motocross , é sagrado.
Uma motocicleta qualquer , standard. Um circuito qualquer.
Nada que possa comprometer a possibilidade ou o orçamento.
Tudo para descomplicar. Tudo para viabilizar.
O que importa é não parar. Seguir fazendo o que a gente mais gosta , o maior numero de vezes possível.
É impressionante o que a racionalização e a disciplina , somados a uma dose massiva de amor na parada , podem trazer como resultado.
Hoje é sábado!
É dia de montar touro bravo , 45hp X 100kg.
É dia de se emocionar. Tipo... , Brasil X Argentina , na final!
Sirvo um café na cama pras meninas.
Me certifico de que tudo está organizado para o dia e , me desligo do mundo.
Já não há mais nada a fazer pela família ou pelo trabalho.
É hora de ser quem a gente sempre quis.
Na estrada , a DJ manda o recado. Sábado de sol. Swingueira nervosa!
Território Eldorado. Tem gente que sabe mesmo como fazer rádio.
No retrovisor , o canhão. Pronto.
À frente , as curvas da Anhanguera.
Cara.... , como eu gosto desta hora....!
Os dias de academia (alguns sem o mínimo saco....) , e as saídas “à francesa” , das baladas mais pesadas , fazem valer : Feeling so good!
Time to ride!
Na pista , o amor pelo esporte e a gratidão por poder estar ali , seguem transformando a realidade.
Ainda na primeira volta , vou sentindo que o dia é bão!
Meia dúzia de curvas e , já dá pra perceber que a session vai ser ... , renovadora!
A quatrucentona parece feliz também.
Obedece aos comandos. Emenda as pequenas retas entre as curvas triscando o chão com a roda dianteira.
Mergulha nas cavas e mantém a trajetória como se estivesse numa rua asfaltada. Colabora.
Quatrussa , é antidepressivo natural.
A parada apita e aponta pro céu. Quer voar!
“Give me freedom. Give me fire. Give me a reason. Take me higher!”
Dentro do casco , vou cantando “Hang ‘Em High” , do álbum “Diver Down”.
Sorrindo de orelha a orelha , num “transe” , entre os rifs da guitarra de Eddie Van Halen e as notas baixas do motor do canhão.
O ritmo bom e seguro , me faz lembrar as palavras de uma garota que corria o mundial de MX: “Motocross não é força. É jeito , técnica , posicionamento , respiração”
Queria que esses momentos durassem pra sempre.
É por isso que os prós fazem tudo parecer sempre tão fácil.
Quando o posicionamento é certo , o preparo existe e a concentração domina , tudo flui. Sem briga. Sem força. Sem susto.
Soma-se a isto , uma enorme vontade de fazer melhor. Um amor incondicional na parada.
Esta receita é curtição. Certeza!
Não sei que horas são.
Não sei quem esta andando.
Só eu , “contra” eu mesmo.
Ou melhor. Eu , a favor de eu mesmo!
Coração e mente , sintonizados.
Acelerar , focar , posicionar , frear , reposicionar , focar , acelerar.
God I just love it!
Duas baterias de cinquenta minutos.
Pessoas passam e conversam ao meu redor.
Não vejo nada , não ouço nada.
Na minha cabeça , só os rifs de “Hang ‘Em High” e a vontade de montar outra vez.
Passo reto numa curva.
Meu gás acabou.
Tá ficando errado. Perigoso.
Carrego. Guardo as tralhas , olho pro céu , agradeço:
“Obrigado Deus por me fazer um piloto de motocicletas amador”
Mais um sábado.
Agora , a 350km de casa , num rolê de canavial , com meia dúzia brothers.
A todo o momento alguém faz um comentário do tipo:
“Nooossa....! Esse negócio tá bom de mais...! Vou dar mais uma volta. Quem vai?!?!”
Estamos sob uma enorme paineira (ninguém me corrija , se eu estiver errado) , à beira de um circuito improvisado.
O inverno , invariavelmente , é época de colheita de cana na nossa área.
Pra mim , apesar da saudade que tenho das outras culturas , é tempo de festa!
Amplitude , estabilidade , visibilidade , velocidade. Seja ela qual for.
É fim de tarde , hora de mais um espetáculo da mãe natureza.
As mudas , recém plantadas , ficam de um tom dourado e o céu , de um azul absoluto. Bonito!
O solo seco da estação , é o nosso preferido.
Trechos de hard pack , entre curvas do mesmo piso , ou , de areia lavada depositada pela erosão , nas partes baixas do circuito.
Nada mais do que um loop de cerca de 10km. Talvez menos.
Nada mais do que meia dúzia de velhos amigos e novatos.
Os “velhos” , com um sorriso enorme no rosto. Sorriso de gratidão.
Sorriso que podia ser tido:
“Obrigado Deus! Obrigado por me ajudar a estar aqui , mais uma vez!”
Os novatos , maravilhados com a descoberta.... : Motocross rules!
As bikes encostadas na árvore.
Nossos brinquedos. Nossos sonhos. Nossas velhas conhecidas. Nossas parceiras. Nossas amigas. Nossos canhões. Nossas motocicletas.
O circuito é de médias altas.
Nada menor que segunda. Quase todo de terceira e quarta. Alguma quinta.
Prum caboclo bem bom , muito pouco freio. Boa visibilidade. Traçado favorável.
Quase nenhuma interferência nas proximidades.
Numa 250 (4T) , bom de explorar a leveza e a agilidade nos trechos mais “travados”.
Bom de lembrar-se da embreagem e de abusar do recurso , na transposição de obstáculos e nas canaletas das infinitas curvas.
Numa 450 , bom de enrolar e segurar enrolado nas retas. Até o engenho pipocar.
Diga-se de passagem. Retas de curvas de nível.... , uma atrás da outra.... , flying high!
Na roda , um clima de show de rock’n’roll.
Podia mesmo estar tocando Led Zeppelin ,” Rock’n’Roll”.
Ninguém iria nem notar. Esta era a vibe.
Duplas se alternando , em sequencias de três ou quatro voltas no circuito.
Todo mundo de coração e alma na parada.
Há pouco conversava com um brother. Um daqueles rápidos , dos melhores.
Ele dizia:
“Brother , eu gosto daquela adrenalina da competição. Eu gosto de ter me concentrar na minha respiração. Eu gosto do desafio de saber que um erro pode significar uma posição. Eu gosto de pensar que tenho que fazer tudo certo. Me concentrar.”
Lá não havia competição direta. Não ao menos , declarada.
Entretanto , andávamos com a mesma “disciplina”.
Concentrados em fazer o melhor possível.
Cem por cento dedicados ao prazer de pilotar e à vontade de fazer melhor.
Dia destes , li em algum lugar : “Feliz o homem que tem a coragem de não envelhecer”.
Não entendi exatamente o ponto , mas adaptei o tema à nossa realidade.
Feliz o homem que tem a coragem de continuar acelerando.
Acelerar uma motocicleta forte é MUITO DIVERTIDO!
É uma expressão de coragem , de determinação , de ousadia , de liberdade , além de ser , é claro , um exercício de concentração , disciplina , saúde , humildade e todas as outras coisas boas decorrentes disso.
Long live rock´n´roll! Long live motocross!
MOTOHEAD
Edward e Alex Van Halen , provavelmente no final dos anos 70 , em algum lugar da California , numa foto de Neyl Zlozower